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Linhas temáticas

  1. Migração, deslocamento forçado e (des)construção de fronteiras
    A mobilidade humana tem sido historicamente analisada do ponto de vista econômico, social e cultural, mas também do ponto de vista da segurança. As fronteiras entre Estados, longe de desaparecer com a globalização, foram reforçadas e desempenharam um papel estratégico no cenário internacional e nos fluxos migratórios contemporâneos. Hoje, a migração mista (migração econômica e migração forçada) é mais visível, dada a magnitude dos deslocamentos forçados que acompanham as rotas históricas dos fluxos migratórios. Este eixo nos convida a refletir sobre este problema social a partir de uma perspectiva teórica e metodológica, mas também a partir de uma perspectiva histórica e política.
  1. Movimentos em defesa do território, projetos de autonomia, geografias para a paz e os direitos humanos
    Este eixo aborda diferentes aspectos de luta dos movimentos em defesa do território, da vida e daqueles que visam construir autonomias contra-hegemônicas. Estamos interessados em problematizar e compartilhar abordagens teóricas, metodológicas, políticas e experiências, situadas em cada território e a partir de cada formação social, em torno dessas lutas, movimentos e projetos autônomos no horizonte dos Direitos Humanos e dos estudos de paz em geral. Mas, sobretudo, a partir das diferentes propostas que surgiram em relação às geografias para a paz e direitos sócio-territoriais em contextos de violência armada e desarmada, em processos de militarização e paramilitarização ou outros conflitos sociais.
  2. (In)Justiça sócio-espacial e desenvolvimento desigual diante dos megaprojetos e realidades urbanas
    Os modelos territoriais impostos pelo capitalismo são processos baseados em um desenvolvimento geográfico desigual, que resulta em injustiça sócio-espacial em múltiplas escalas (tanto no espaço interno das cidades como nos territórios com os quais estão relacionadas por energia, demografia, política, econômica, etc.). Neste eixo, buscamos iluminar os impactos sofridos pelas comunidades expostas à injustiça da urbanização neoliberal, bem como as estratégias de resistência dessas comunidades diante de megaprojetos ou outras dinâmicas de desapropriação e apropriação desigual de recursos.
  3. Contra-cartografia, corpocartografia e outras cartografias expandidas
    A cartografia como linguagem de expressão e representação espacial nos permite explorar e revelar múltiplas territorialidades, propondo narrativas contra-hegemônicas, assim como uma análise dos territórios e seus atores que colocam em jogo diferentes dimensões da experiência do espaço. Neste sentido, o corpo e a corporeidade são revelados como categorias espaciais atravessadas social, cultural, ambiental e politicamente; eles incorporam experiências espaciais e são, portanto, constantemente transformados por suas cartografias móveis. Convida-se a participar com pesquisas e reflexões que, a partir da linguagem da cartografia, dêem conta das diferentes escalas em que o modelo extrativista é evidente, bem como das resistências igualmente multiescalares que estão sendo construídas em face dele.
  4. Crisis climática, ecopolítica, (in)justicias ambientales y territorialidades no humanas
    A evidente deterioração do planeta, como consequência das ações humanas e exacerbada pelo modelo extrativista, levou a uma compreensão mais profunda da Terra como uma entidade complexa. Assim, novas perspectivas nos convocam a abandonar e questionar a postura antropocêntrica e, ao mesmo tempo, a assumir maior responsabilidade pelo futuro do planeta, a observar as desigualdades territoriais geradas pelas relações de poder e os interesses econômicos exercidos sobre o meio ambiente. Este eixo integra trabalhos que destacam estruturas e relações de poder responsáveis pela crise climática, bem como suas consequências, ou que propõem alternativas ao futuro que nos permitam ter uma melhor relação com a Terra e transformar a realidade ambiental atual.
  5. Feminismos, gênero, corpos e sexualidades
    As geografias feministas tornaram visíveis as desigualdades vividas por mulheres e meninas em face da discriminação, da violência masculina e das estruturas patriarcais. Também integram as geografias de gênero e sexualidades que ampliam o olhar crítico da dissidência, em busca de territórios afetivos e direitos para todas as formas de ser e habitar o mundo. É a partir do corpo que as lutas são enquadradas e uma multiplicidade de identidades sexuais e performativas em resistência são posicionadas. Os feminismos comunitários e descoloniais teceram uma base teórica para a política de cura através do território-corpo. Entendendo o corpo como um território histórico, significativo e ligado à teia da vida, propõe-se a defesa dos territórios a partir do cuidado coletivo.
  6. Geografias do racismo e da racialização, conflitos inter-étnicos e paisagens variegadas
    Neste eixo procuramos colocar no centro da discussão as muitas genealogias que compõem o pensamento e a luta anti-racista e anti-colonial em Abya Yala e em outras regiões do planeta. Os objetivos são: estabelecer diálogos com lutas contra o racismo estrutural em outras partes do mundo, com ênfase particular no ‘Sul Global’, compartilhar ferramentas teóricas e analíticas e gerar espaços de intervenção prática para construir mundos diferentes, bem como considerar a perspectiva anti-racista para mobilizar análises intersetoriais de nossas complexas realidades. O objetivo é incorporar trabalhos que analisem criticamente o racismo ambiental, estrutural e sistêmico, a despossessão de populações racializadas e as histórias de luta contra os sistemas globais de opressão. Será dada prioridade ao trabalho de estudiosos e/ou ativistas tradicionalmente marginalizados pela academia: povos indígenas, afrodescendentes, negros e outros grupos racializados tanto no Norte como no Sul do mundo.
  7. Ensino-aprendizagem, geopedagogias e didática descolonial
    Neste eixo procuramos compartilhar e trocar ideias, conhecimentos e saberes que, através de propostas didáticas e da implementação de ferramentas e estratégias de ensino-aprendizagem alternativas e interdisciplinares, permitirão que tanto estudantes quanto professores se tornem sujeitos ativos na transformação de sua realidade social e geográfica a partir de uma postura crítica, descolonial e libertadora. Também, como ponto de discussão a ser desenvolvido para este eixo, acreditamos que é necessário dar importância à forma como a Geografia é ensinada e como conhecimentos geográficos são ensinados e aprendidos em diferentes contextos sociais e níveis educacionais, bem como na educação não-formal e na educação popular.
  8. (Contra)geopolítica da América Latina e do Caribe: diálogos entre os hemisférios sul e norte
    O Sistema Mundial, como categoria que nos permite analisar a expressão espacial do poder exercido por territórios historicamente hegemônicos, foi integrado em uma transformação epistemológica emergente na América Latina e no Caribe. Foram feitas contribuições relevantes nesta região para compreender o papel que o modelo extrativista desempenha neste sentido, propondo paradigmas que desconstroem a colonialidade e oferecem alternativas. Convida-se a participar deste diálogo entre o sul global e o norte global com trabalhos que se concentram nas tensões, conflitos, hegemonias e contra-hegemonias que são geradas nos territórios em disputa.
  9. Artivismos e práticas territoriais das artes
    Consideramos a dança, o teatro, a música, as artes visuais e a literatura como práticas e representações territoriais que têm um discurso político poderoso tanto para a resistência quanto para a transformação social. Além disso, além de serem expressões culturais, são veículos para a construção da paz, pois promovem canais de comunicação e pontos de encontro em meio a divergências e tensões territoriais. As artes também se apresentam ao mundo como uma gama de possibilidades de autodefesa, pois têm o poder de resistir e proteger as identidades vulneráveis em zonas de conflito. Através de ações artísticas, outras formas de construir e habitar territórios fragmentados e esquecidos reaparecem. Portanto, a arte é um instrumento político de reivindicação territorial e de identidade, uma ferramenta de ação para o ativismo, que se fundem e definem o artivismo. Neste eixo, convida-se a compartilhar e fazer geografia de e no artivismo, como uma metodologia de ação e de pesquisa comunitária.
  10. Espaços de participação, realidade virtual e novas tecnologias
    A globalização do conteúdo e a universalização do acesso à Internet e às novas tecnologias, juntamente com sua facilidade de uso, tornaram possível incorporar ferramentas inovadoras para a ação social e a transformação. O acesso aos dados e a velocidade do fluxo de informações que estes instrumentos permitem, fazem deles importantes amplificadores das metodologias participativas. Convida-se para propostas e experiências que respondam aos desafios, escopo e limitações do uso de instrumentos tecnológicos para o fortalecimento ou visibilização de territórios e seus coletivos que resistem e lutam contra a despossessão e o extrativismo.